terça-feira, 14 de agosto de 2012

Segundos Eternos


Apronto os pés em direção a porta. Vejo aquele caminho agora estranho. Um caminho gélido, abandonado, desconhecido. Olho para trás e desejo o conforto de casa, do meu quarto, da minha cama, das pessoas ao meu redor. Balanço a cabeça e espalho tais pensamentos. A rua a frente a espera de pés que possam caminhar e talvez correr sobre ela. O medo invade meu corpo, me faz tremer. Medo das possibilidades? Talvez! O primeiro passo sempre é o mais difícil, mas nunca impossível. Outra vez recordo tudo que tenho do lado de dentro, tudo que me envolveu com carinho naqueles momentos difíceis, deixo as lembranças invadirem e se deliciarem com a minha insegurança. Tudo dura segundos, porém eternos. É hora da decisão. Vou ou não vou? Revejo a lista de prós e contras, que por sinal tem os prós em muito mais quantidade que os contras. Indecisão. Viro, viro rápido na intenção de voltar para o quarto e esquecer essa loucura. Mas, no calor do movimento meus pés falham e se deixam levar pela água que formou uma pequena poça no batente da porta. Escorrego e meu corpo vai em direção ao chão com uma força incrível. Doeu, doeu muito. Mais alguns segundos eternos passam enquanto fico ali, no chão, sentado naquela poça. De repente me recordo das dores, dos gritos, do sofrimento que vivi lá dentro. Quero continuar com essas crises? Não. Quero passar o resto da vida em prol das sombras? Não. Quero continuar ligado a ele? Não. E o que eu quero, afinal? Quero uma vida. Quero risadas. Quero pessoas. Quero amizades. Quero amores. Quero sentir. Quero tantas coisas...
Me levanto, passo a mão no bumbum em um movimento de limpeza, ajeito o cabelo e vou. Caminho em direção ao desconhecido, outra vez.



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Mais um sofrimento, por favor.